Pecados

Ela enroscou-se mais confortavelmente nos lençois e espreguiçou. Logo cedo de manhã a preguiça tomava-lhe as ações. Virou na cama e puxou o telefone. Seus dedos treinados discaram e esperaram.
"Um xícara grande de café, um muffin de chocolate, o jornal do dia e um maço de cigarros", pediu maquinalmente com a voz barga de sono. Deixou que o braço desliza-se para fora da cama e pos o fone no gancho.
Ao seu lado sentiu-o mexer-se. A mão grande enlaçou-a pela cintura, puxando-a para perto. "Não é possivel que ele queria de novo", pensou maliciosamente. Ele começou a beijar-lhe o pescoço e puxou-a para mais perto. Ela riu cruelmente enquanto afastava-o sem cerimonia, empurrou-o da cama, e levantou-se.
Andou nua pelo quarto, não importando-se com o olhar dele, que comiá-a viva. Vergonha era um sentimento que não possuiá. Caminhou lentamente, deixando que o corpo magro e macio aproeitasse o contato delicado do sol que entrava pela janela. Riu deliciosamente com o gemido contido que ele tentou abafar. Adorava torturá-lo lentamente. Entrou no banheiro luxuoso e vestiu-se com robe de seda pura.
Voltou para o quarto e olhou intrigada para o homem parado no meio do quarto, ele olhavá-a ansioso.
"Vá embora? Não ve que estou ocupada?", disse indiferente, empurrando-o para fora.
Voltou para a cama e jogou-se sem cerimonia. Os longos cabelos espalhados pela confusão de lençois, o corpo pequeno perdido na cama muito grande. Suspirou cansada e aninhou-se no meio dos muitos travesseiros. Uma suave batida na porta adentrou o quarto grande.
"Entre", ela respondeu entediada. Timidamente entrou pela porta uma garota mirradinha. Uma criada de quarto particular. "Uma das vantagens da suite presidencial do plaza", pensou satisfeita. A garota colocou sobre a cama uma bandeija de prata com seus pedidos e seguiu para arrumar a suite.
Avidamente jogou-se em direção ao maço de cigarros. Após abastecer-se sufientemente de nicotina, voltou-se para sua segunda droga prefira pela manhã. Cafeína. Recostou-se na cabeceira da cama, com o cigarro pendente nos lábios vermelhos, o café instalado em uma das mãos e o jornal bem seguro na outra.
"O som", murmurou irritada para a garota, essa rapidamente ligou o aparelho, que lançou por todo o ambiente uma suave musica dos anos 50.
Suspirou satisfeita e voltou sua atenção para o jornal.  Com o corpo bem guarnecido de cafeína e nicotina, colocou a mente para trabalhar com as informações do dia. Pousou a xícara fazia na bandeija e apanhou o muffin. Jogou o jornal a um canto e tragou demoradamente o cigarro. Espalhada pela cama pos-se a pensar. Adorava seu trabalho, podia fazer a maior parte bem ali, deitada gostosamente na cama, apenas pensando. Enquanto suas ideias fluiam a mil, seu corpo sequer mexiá-se. O maximo que fazia era tragar e soprar a fumaça. O silêncio quase absoluto do quarto ajudavá-a a se concentrar.
Quando o maço de cigarros acabou ergueu os olhos para o relógio, 10 horas da manhã. Bocejou cansada e pegou o telefone. " Um maço de cigarros e uma xícara de café grande", disse rapidamente. Levantou desperta e sentou-se a frente do laptop. Coemçou a escrever avidamente. Não preocupavá-se nem em ler o que escrevia, sabia que estava certo, o habito transformará o ato em sua segunda natureza, como respirar ou o pulsar do coração. A mais, sabia que estava excelente, era a melhor em seu ramo.
Não tirou os olhos da tela quando a criada chegou com o café e os cigarros. Simplismente esticou a mão e levou a xícara a boca e acendou o cigarro. Ao terminar encaminhou para o editor.
Deixou a mesa de trabalho com a xícara vazia, pegou o maço de cigarros meio vazio e foi para o banheiro onde um banho de banheira meticulosamente preparado a esperava. Passou as duas horas seguintes preparando-se. Escolheu e separou as roupas e sapatos certos. Maquiou-se demoradamente. E ao final postou-se frente ao espelho extremamente orgulhosa de si.
"Espelho, espelho meu, existe mulher mais bela do que eu?", disse ironicamente para o espelho, sorriu com a brincadeira de criança virou-se e seguiu porta afora. "É claro que não", respondeu mentalmente.
Na porta do hotel, seu pequeno carrinho amarelo a esperava. Sorria internamente, satisfeita. Sabia que todos os olhares estavam voltados para ela. Os homens olhavam-na admirados, pela beleza, pelo carro, pelo poder. As mulheres encaravam-na raivosas, invejando tudo o que possuia.
Entrou no carro e sorriu confiante. O celular vibrou. No visor, duas novas menssagens. A primeira do chefe, "excelente, como sempre", a segunda dele, "eu quero você". Não respondeu nenhuma das duas. Era claro para ela que eles a queriam. Era claro para ela que seu trabalho era o melhor. Ela é a melhor.
Sorriu e acelerou. Tinha um carro, uma rua, e centenas de possibilidades

Nenhum comentário:

Postar um comentário

findwords