Um homem, um amor, um conto

Algo ocorreu-me quando vi-a parada no limiar da areia. Lembrei de minha infancia, quando via minha mãe admirando o mar.
Agora também, parada com soberba beleza estendida sobre os últimos raios de luz. Vem o mar beijar-lhe as unhas. O vento com gosto de mar agitava-lhe os longos cabelos de cobre. Da janela onde me escondia não podia ver, mas ao fechar meus olhos facilmente imaginava seus olhos cinzentos de prata tingindo-se, pelo sol, de um azul noite.
Imovel na praia ela ficou por muito tempo, até que toda luz se fosse, até que todo o mar lhe servisse de leito, até que todas as estrelas lhe servissem de vela para o caminho.
E eu fiquei ali ao largo só olhjando e admirando sia palida beleza ser aos poucos tragadas.
Mas quando fou toda tragadaaaaaa e apenas sobraram-me seus contornos na areia senti um vazio que mantém vago, e sempre se manterá vago.