Nada mais

Morro. Não vejo, nem sequer vou vista. Nada muda, afinal, não sou nada além de espaço ocupado por massa. Não mudo nada que não nada, pois pertenço ao nada. Sou parte do todo. Integro tudo a minha volta, sem no entanto fazer parte de mim. Isolo-me do todo. Não o quero. Quero o nada, que integra-me. Quero o nada que une-se a mim.
O todo não importa-se. Faz apenas embelezar, atrair e deixar. Faz vitimas. Faz rastros. Destruindo a tudo que deixa. Deixa apenas o nada. Partido, acabado. Ansiando pelo novo. Procurando o próximo. Aumenta o montante de sangue. De nadas.
O nada dignifica. Só existimos sós. Só existimos nós. No nada, imersos em si. Descobertos do todo. Vemos a nós. Vemos o nada. Altero o mundo nada a minha volta. Pois apenas isso que sobrou-me, nada.
Sou o tudo do nada. Sou tudo no nada. Sou tudo aquilo que nada quer ser. Voo e deixo voar. Mando. Morro e venço a morte. Porque sou nada.

Um comentário:

findwords